segunda-feira, 25 de abril de 2016

A história, o grito e o muro

Muito se compara o que aconteceu no Brasil em 1964 com o momento que vivemos agora. Talvez coincida o clima beligerante, a preocupação das pessoas com o futuro do país, o agito político e a mídia golpista insuflando as pessoas à embarcarem em sua empreitada anti-democrática. No entanto, se falou tanto sobre riscos de um novo golpe militar, pedido por muitos, mas estamos recebendo um golpe judiciário-midiático – e essa é uma diferença e tanto.

Alguns pontos semelhantes entre 1964 e 2016: o forte viés moralista usado como mote para se dar o bote. Estratagema também usado em outros momentos da história – o destaque é que não é preciso os acusadores possuírem moral ilibada nem provar solidamente qualquer tipo de acusação, – o inverso do previsto em nossa Constituição.

Nesse contexto, dispositivos consagrados na Constituição brasileira tais como a presunção de inocência e o direito à ampla defesa são categoricamente desconsiderados.

Tudo é aceito, pelos “homens de bem”, para que o câncer brasileiro seja extirpado.
É notório que tanto no golpe de estado impetrado em 1964, quanto o que se tenta consolidar hoje, encontra-se o elemento externo. Sabe-se, agora, a forte participação do governo dos EUA na derrubada da democracia brasileira e de tantas outras pelo mundo, naquele momento de forte disputa ideológica, estágio da história em que fincavam sua bandeira imperialista pelo mundo.

Se em meados do século XX, num contexto de pós-guerra e Guerra Fria em vigor, as disputas mundiais possuíam um forte teor nacionalista, em defesa dos Estados-Nação, atualmente, em um contexto marcado pela hegemonia neoliberal e extrema liberalização dos mercados, quem dá as cartas da política global são as grandes corporações, com seus lobbies, com seus poderes cada vez maiores e mais concentrados. E, ao contrário do senso comum, tal poder não influencia apenas um partido. Como se pôde perceber na lista da Odebrecht, trata-se de um problema sistêmico.

Fonte:Cássio Garcia Ribeiro e Mário Tiengo via Pragmatismo Político

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