Tão chocante quanto o estupro denunciado por uma jovem de 16 anos,
que teria envolvido mais de 30 homens, no Rio de Janeiro, e tão chocante
quanto os vídeos que mostram seus ferimentos e foram postados na
internet, foi a reação de uma parcela da sociedade, que se divertiu nas
redes sociais com eles e com a história. E a inação de uma outra parte,
que culpou a própria vítima pelo ocorrido ou simplesmente caiu no
autoengano de que essa história não nos diz respeito.
No mesmo dia
em que o caso gerou indignação nas redes sociais, o novo ministro da
Educação recebia o ator Alexandre Frota para discutir a educação (!!!)
no Brasil. O mesmo Frota que, durante uma entrevista a um programa de
TV, narrou um caso de violência sexual do qual foi protagonista contra
uma mãe-de-santo, para deleite da plateia, que ria como se fosse uma
piada. Acusado por organizações sociais de estupro e de apologia ao
estupro, deu de ombros.
Quando mulheres são sistematicamente
estupradas, não apenas seus corpos e almas são violentados. A dignidade
de todas as mulheres é coletivamente agredida e negada. Porque falhamos
profundamente como sociedade em garantir um dos direitos mais
fundamentais. E se isso acontece junto a discursos que louvam ou
relativizam esses estupros, podemos começar a nos questionar que tipo de
povo somos nós.
Violência sexual não é monopólio de determinada
classe social e nível de escolaridade. Quem espanca e violenta pode ter
apertado o sinal de parada do ônibus ou roçado o banco de couro de um
BMW. O que une os diferentes no Brasil, afinal de contas, não é o
futebol, a religião ou a comida. É a violência de gênero. A cultura de
estupro é um “privilégio'' masculino, que vem sendo derrubado pelo
feminismo ao longo do tempo, mas com dificuldade, porque encontra a
resistência de homens pelo caminho
Fonte: blog do Sakamoto
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