Começa amanhã uma contagem regressiva crucial para o futuro do
governo interino. Se mantida a previsão de votação final do impeachment
pelo plenário do Senado no dia 2 de agosto, nestes 60 dias Temer terá
que convencer o Brasil de que o país estará melhor com ele, que Dilma
deve ser condenada, perdendo o mandato e os direitos políticos por oito
anos, sendo ele efetivado para nos governar até 2018.
Convencendo o Brasil, o Senado lhe dará os 54 votos necessários para
se tornar presidente de fato. Do contrário, vai se aprofundar a
tendência de alguns senadores a mudar de voto, frustrando o quórum
necessário de dois terços.
Temer sabe que a vitória de 11 de maio pode escorrer pelos dedos. Nas
ultimas horas falou em herança, sem usar a expressão maldita, para
justificar suas dificuldades. e disse já ter proposto agenda positiva
para o país. Vai ver que o pais anda com problema de entendimento,
porque não se entusiasmou. Nem mesmo o mercado. As quedas de ministros
desgastam mas pesariam menos se o país estivesse apostando alto no
governo que assumiu em 12 de maio. Não é isso que se vê.
E o que virá se, mais perto de agosto, estiver delineado um cenário
de absolvição de Dilma? A questão de honra, para ela, para Lula e o PT,
é demonstrar que não houve crime de responsabalidade. Que o impeachment
foi um golpe com vestimenta legal. Mas ela mesma sabe que, se tiver os
votos para não ser condenada, não terá as condições para voltar a
governar. Ainda mais se tiverem sucesso as manobras de Eduardo Cunha
para não ser cassado e seguir como eminência parda e poderosa na Câmara.
E que volta não seria esta, depois que Temer virou de ponta cabeça a
estrutura do governo e descontinuou importantes políticas públicas.
É nesta hora que terá de haver um acordo. Não um acordão secreto
entre caciques, como o do impeachment, descrito por Jucá, para barrar a
Lava Jato. Um acordo nacional, transparente, republicano, no qual todas
as forças políticas aceitem zerar a disputa e chamar o povo a decidir
nas urnas.
Fonte: Tereza Cruvinel
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