Muito se compara o que aconteceu no Brasil em 1964 com o momento que
vivemos agora. Talvez coincida o clima beligerante, a preocupação das
pessoas com o futuro do país, o agito político e a mídia golpista
insuflando as pessoas à embarcarem em sua empreitada anti-democrática.
No entanto, se falou tanto sobre riscos de um novo golpe militar, pedido
por muitos, mas estamos recebendo um golpe judiciário-midiático – e
essa é uma diferença e tanto.
Alguns pontos semelhantes entre 1964 e 2016: o forte viés moralista
usado como mote para se dar o bote. Estratagema também usado em outros
momentos da história – o destaque é que não é preciso os acusadores
possuírem moral ilibada nem provar solidamente qualquer tipo de
acusação, – o inverso do previsto em nossa Constituição.
Nesse contexto, dispositivos consagrados na Constituição brasileira
tais como a presunção de inocência e o direito à ampla defesa são
categoricamente desconsiderados.
Tudo é aceito, pelos “homens de bem”, para que o câncer brasileiro seja extirpado.
É notório que tanto no golpe de estado impetrado em 1964, quanto o
que se tenta consolidar hoje, encontra-se o elemento externo. Sabe-se,
agora, a forte participação do governo dos EUA na derrubada da
democracia brasileira e de tantas outras pelo mundo, naquele momento de
forte disputa ideológica, estágio da história em que fincavam sua
bandeira imperialista pelo mundo.
Se em meados do século XX, num contexto de pós-guerra e Guerra Fria em
vigor, as disputas mundiais possuíam um forte teor nacionalista, em
defesa dos Estados-Nação, atualmente, em um contexto marcado pela
hegemonia neoliberal e extrema liberalização dos mercados, quem dá as
cartas da política global são as grandes corporações, com seus lobbies,
com seus poderes cada vez maiores e mais concentrados. E, ao contrário
do senso comum, tal poder não influencia apenas um partido. Como se pôde
perceber na lista da Odebrecht, trata-se de um problema sistêmico.
Fonte:Cássio Garcia Ribeiro e Mário Tiengo via Pragmatismo Político
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