A entrada de Lula no governo Dilma Rousseff é uma manobra
arriscada e poderá incendiar ainda mais o debate político. Mas a
presidente e o PT avaliam que não têm outra opção.
Após as manifestações de domingo, com a maioria do PMDB rumando para
os braços da oposição e uma presidente sem capacidade de reação na
economia, a única aposta é que Lula consiga reorganizar o governo. Mas
há riscos e obstáculos. Pode dar errado. Pode ser tarde.
Os próximos passos da Lava Jato são preocupantes para o PT, Lula e
Dilma. Haverá a imagem de fuga do ex-presidente das investigações da
operação em Curitiba assim que ele obtiver foro privilegiado e passar a
responder às acusações perante o Supremo Tribunal Federal.
Outro risco está na economia: foi ruim a reação do mercado financeiro
na tarde de ontem à possibilidade de o petista ser ministro. O dólar
passou a subir. E a Bolsa, a cair.
Seria um tiro n’água Lula entrar no ministério sozinho, sem trazer
para a Fazenda alguém com credibilidade perante o mercado e ainda
aplicar a receita econômica que o PT anda defendendo publicamente. Seria
a receita do fracasso.
Quando virou presidente, Lula soube dar importância à política fiscal
a fim de abrir espaço no orçamento para programas sociais _para colocar
os pobres no orçamento, como ele diz.
A política fiscal foi destruída por Dilma. Será preciso
reconstruí-la, como tem defendido o ex-presidente do Banco Central
Henrique Meirelles.
Mais: Lula não tem a mesma força da época em que deixou o governo.
Perdeu capital político e está na mira da Lava Jato. Uma entrada dele no
governo teria de estar combinada com uma boa largada na área econômica.
Um Lula só não faz verão.
Fonte: KENNEDY ALENCAR (jornalistA)
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